
BRENO BORBA SE DESPEDE DO PLEITO ELEITORAL DE 2024

Começo afirmando que essa não é uma matéria sobre partido político, e sim sobre respeito, empatia e gratidão a uma trajetória política.
Neste última sexta-feira, 10/05, fomos surpreendidos, especialmente as pessoas mais envolvidas com o cenário político, pela notícia da renúncia do pré-candidato Breno Borba (PT) ao pleito de 2024. Uma declaração que movimentou os bastidores da política partidária e as redes sociais, e deixou muita gente na cidade incrédula, triste, consternada, enquanto que outras alegres e ácidas, demonstrando tais sentimentos em suas publicações nas redes sociais.
Chamo a atenção aqui para uma reflexão, sobre uma pauta que nos últimos tempos se transformou em bandeira muito defendida nas redes sociais e nos discursos individualizados, o “RESPEITO E A EMPATIA”. Mas até que ponto essas pautas e falas são realmente verdadeiras na prática cotidiana?
Até que ponto o “respeito” pela história e situação do outro prevalece? Até que ponto a “empatia” sobre a fragilidade e o momento do outro é de fato exercida? Levanto essa questão aqui, porque confesso que me surpreendi com a negatividade de muitas pessoas destilando sentimentos de raiva, ódio, rancor ou de comemoração política sobre a decisão de um político, que antes mesmo de ser pré-candidato, é um filho que tomou uma decisão fundamentada pelo amor e cuidado ao seu pai. E é desrespeitoso ver como algumas pessoas trataram o fato como um motivo para falarem ofensas a Breno Borba, tentando através de comentários maldosos denigrir sua vida pessoal, pública e política, ou se aproveitando do momento para evocarem suas bandeiras partidárias e gritarem o nome de outros pré-candidatos como já sendo os vitoriosos. E claro, tenho certeza que esse comportamento não é aprovado e nem incitado pelos respectivos pré-candidatos mencionados nos tais comentários.
Deixo claro que não estou aqui fazendo alusão ao PT, partido ao qual Breno Borba está filiado, nem ao seu grupo político, que tem como líder o seu pai Marcone Borba, tampouco estou me colocando contra os demais pré-candidatos que estão na disputa para essas próximas eleições. Minha relação com todos do cenário político dar-se de forma respeitosa, a prefeita Lucielle Laurentino (União Brasil), com quem estive recentemente acompanhando em um evento, tem meu respeito e iração por nossa militância juntas quando mais jovens, e por sua trajetória como mulher e militante política dentro de um sistema político que ainda é muito machista. Erinaldo Pereira (PP), amigo de longas datas, a quem tenho também muita iração, respeito e gratidão por tantos momentos partilhados. Neguinho de Israel (MDB), irmão de tribo indígena, como ele assim me chama, minha imensa consideração, e Neto de Valmir (PSB), amigo de muitos anos, colega de trabalho na gestão do prefeito Branquinho, e parceiro de muitas campanhas eleitorais. Esse é o cenário ao qual eu tenho imenso respeito, e empatia pela trajetória de todos.
Ah! E Breno Borba? “Breninho” como sempre lhe chamei, e respeitosamente sempre foi com um beijo na testa que ele me cumprimentou em todas as vezes que me encontrou, acho até que pelo respeito que ele sabe que sempre tive pela trajetória de seu pai Marcone Borba.
O texto aqui não é sobre mim, mas falar como me relaciono com cada um desses pré-candidatos é uma forma de dizer, que o que será exposto aqui não é alusivo a uma corrente política, partido, grupo, bandeira, cor, ou mesmo sobre minha escolha de voto, isso acontecerá em um cenário separado do site Bezerros Hoje+, até porque, como cidadã, também sou eleitora, e tenho minhas convicções, bandeiras e lutas.
O MOMENTO É DE EMPATIA

Não é novidade que o médico e ex-prefeito Marcone Borba vem lutando há anos contra o câncer, embora nunca tenha deixado de exercer a medicina, atuando iravelmente até hoje, sempre dividido entre atendimentos clínicos e cirurgias. Mas infelizmente a realidade é que o quadro clínico de Marcone é delicado no sentindo de exigir cuidados e atenção, como também apresenta a necessidade indispensável de se prezar por um ambiente mais tranquilo e familiar, distante de todo e qualquer processo que provoque níveis elevados de estresse e preocupação. E esse contexto protetivo não seria possível com Marcone vivenciando ao lado do seu filho Breno o processo de uma campanha eleitoral. Acerca disso, uma equipe médica que acompanha Marcone Borba, bem como familiares, já vinha insistindo no afastamento dele nesse processo eleitoral ao acompanhar Breno em todo o trajeto das pautas e decisões políticas. Embora Marcone tenha relutado contra o seu afastamento do cenário, também sempre incentivou seu filho a continuar a trajetória política, no entanto, devido a uma reflexão maior em família e uma concepção sobre a importância de “estar mais perto” e de “aproveitar mais os momentos da companhia de seu pai”, Breno Borba decidiu renunciar ao pleito de 2024. Uma decisão tomada como muita “tranquilidade e assertividade”, conforme ele me informou.
ALEGRIAS DE UNS, TRISTEZAS DE OUTROS

Tendo em vista que o pronunciamento da renúncia de Breno Borba como pré-candidato deixou muita gente feliz, explanando essa alegria nas redes sociais, em virtude de ser menos um candidato na disputa das próximas eleições, enquanto outros observaram que tal fato poderá fortalecer um dos pré-candidatos. Um grande número de pessoas também, lamentou o ocorrido, e houve também muitos comentários de consternação, apoio, e o sentimento de empatia demonstrado. Vale ressaltar que para muitos, uma tristeza e surpresa pairou hoje no cenário político de Bezerros, pela ausência que se dará no pleito eleitoral do grupo Marcone Borba e da trajetória da “Geração Marcone” nas próximas eleições. Marcone é exemplo de persistência e resistência, que não deixou a enfermidade lhe abater e lhe impedir de pensar política, pois é um homem apaixonado pelo processo eleitoral, acostumado a discutir política todos os dias, e foi nesse cenário que Breno cresceu, e buscou seguir os os de seu genitor. Por isso, renunciar a esse cenário é também um gesto de coragem, sobretudo de amor, amor pela vida de seu pai.
EXEMPLO DE PERSISTÊNCIA, TRAJETÓRIA DE RESPEITO

A incredulidade com que muitas pessoas receberam hoje a notícia da renúncia do pré-candidato Breno Borba foi alarmante, e isso continua repercutindo muito, e muitas pessoas ainda sem acreditar. Afinal, desde 1992 quando Marcone estreou no cenário político de Bezerros como Vice-prefeito na chapa de Dr. Rinaldo Pacheco, foi um nome que não saiu mais do cenário político, disputando as eleições em 1994 como Deputado Estadual, 1996 como Prefeito, perdendo a eleição por apenas 301 votos, 1998 novamente como Deputado Estadual, 2000 como Prefeito, 2002 outra vez como Deputado Estadual, ficando na segunda suplência, surgindo a oportunidade de assumir o cargo em 2004, porém nesse mesmo ano (2004) Marcone Borba finalmente se elegeu como prefeito. Em 2008 disputou novamente o pleito para prefeito, mas perdeu as eleições para Bete de Dael, e em 2012 e 2016 seu filho Breno Borba se elegeu como Vice-prefeito na Chapa de Severino Otávio (Branquinho). Já em 2020 Breno Borba disputou as eleições contra a atual Prefeita Lucielle Laurentino, e agora em 2024 Breno disputaria novamente as eleições, até que neste último sábado anunciou a sua renúncia ao pleito.
Por essa trajetória de mais de 30 anos com o sobrenome “Borba” no cenário político bezerrense, Marcone consagrou-se o líder da oposição, destacando-se como um grande articulador político da esquerda, e o político que marcou uma geração, conseguindo movimentar de forma marcante os anos eleitorais em que foi candidato, levando às ruas de Bezerros grandes multidões de eleitores, em caminhadas que ficaram marcadas na história da política local, quando um mar vermelho das camisas e bandeiras tomavam conta das ruas principais, das praças, varandas e calçadas, para acompanhar Marcone e a sua fiel multidão ar, cruzando a cidade, praticamente todas as noites no período das campanhas.
E foi por essa trajetória que Ele se tornou um nome respeitado no cenário político, e como profissional da medicina, sempre atuante, até hoje. Foi por causa dessa trajetória também que Marcone Borba inseriu o nome do seu filho Breno Borba no cenário. E é por causa dessa trajetória com os “Borbas” sempre na disputa eleitoral, que o cenário político hoje ficou surpreso com a renúncia de Breno. Embora houve e há uma compreensão e empatia pelo motivo ao qual Breno tomou sua decisão: cuidar mais de seu pai, Marcone Borba.
GERAÇÃO MARCONE

Uma multidão que saía todas as noites sacudindo as bandeiras, vestida de vermelho ou de amarelo, guiadas por carros de som, entre fogos de artifícios e o grito estridente que ecoava freneticamente: Dá-lhe Marcone! Foram essas pessoas, que fizeram parte da “Geração Marcone”, assim como eu, que por mais de uma década fiz parte desse grupo militando com muito orgulho, pelas causas que a gente defendia e acreditava na época, embora um tempo depois foi necessário que eu pegasse uma nova rota, assim como muitos fizeram. Todavia, como jornalista e cidadã bezerrense, eu acho imprescindível que o mérito dessa grande trajetória que Marcone Borba construiu receba o reconhecimento de sua importância ao contexto histórico e político da cidade, tendo em vista que é impossível dissociar Marcone Borba da trajetória política de Bezerros e o exemplo de sua luta na batalha contra uma doença que lhe afastou do cenário.
UM DIA SEU PAI CUIDA DE VOCÊ, NOUTRO DIA VOCÊ CUIDARÁ DE SEU PAI

Gimena Borba, filha de Marcone Borba, escreveu hoje na rede social do seu irmão em apoio a sua decisão, “não se perde no caminho quem retorna pra casa”, e essa frase resume muito o que essa renúncia significou para eles. Breno decidiu ficar mais com o seu pai, preservá-lo de preocupações e esforços no cenário político, e se o motivo não parece importante o suficiente para alguns, sabemos que a maioria compreendeu a grandiosidade da nobre causa: “amor à vida, amar em vida”, eis o grande propósito.

Diante disso, resta-nos desejar o melhor ao seio familiar de Marcone e Breno, envoltos pelo amor do Criador. Que a Geração Marcone, sobrevivente e resistente, continue lutando por suas convicções, por suas causas e exercendo o seu melhor direito, o direito do voto, o direito de participar do processo democrático eleitoral, para a escolha de quem pode lhe representar, cuidando da cidade que todos nós amamos.
E aos pré-candidatos que estão na disputa das próximas eleições, eu desejo sinceramente que todos possam conduzir suas campanhas de forma pacifica e com respeito à história de seus adversários, e que nós eleitores, possamos exercer nossa cidadania, participando do processo livre e democrático, de forma leve, otimista e respeitosa. Até breve!